Post by EFH Tech on Sept 4, 2022 0:13:48 GMT
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Uma obra gerada com recurso a um modelo de inteligência artificial ganhou um prémio nos Estados Unidos. Artistas contestam escolha e falam na possível “morte do ofício”.
A questão é que a obra foi concebida de uma forma diferente – através de um programa de inteligência artificial chamado Midjourney, onde foi possível gerar uma imagem através de texto. A escolha está a ser fortemente contestada pela comunidade artística que, nas redes sociais, tem levantado acusações sobre o autor ter feito batota no concurso.
Em declarações ao New York Times, Jason M. Allen, o autor da obra, defendeu o trabalho apresentado, garantindo que deixou claro que a criação tinha surgido com inteligência artificial (IA). Aliás, a inscrição no concurso foi feita com a indicação “Jason M. Allen via Midjourney”, mencionando já o programa, avançou.
“Não vou pedir desculpa”, vincou em conversa telefónica com o NYT. “Ganhei e não infringi nenhuma regra.” Esta é, até agora, uma das poucas vezes até agora em que uma obra de arte gerada por IA arrecada um prémio de arte.
Allen, de 39 anos, explicou ao NYT que começou a fazer experiências com arte gerada por IA este ano. O autor da obra diz que foi convidado este verão para um chat na plataforma Discord, onde as pessoas estavam a usar o Midjourney. Diz que ficou fascinado ao ver como palavras podiam gerar em poucos segundos uma imagem única.
A partir daí conta que fez centenas de imagens – até que decidiu apresentar uma no concurso, na categoria onde é possível apresentar arte digital e fotografias manipuladas. Escolheu a imagem, foi a uma loja para fazer uma impressão em tela e apresentou a obra ao júri. O NYT nota que o autor escolheu não partilhar qual foi o texto que inseriu para gerar a imagem, que tem uma espécie de representação de um teatro espacial.
Algumas semanas mais tarde, reparou que uma fita azul estava junto da obra – tinha arrecadado o primeiro prémio, recebendo 300 dólares. “Não conseguia acreditar”, contou ao NYT. “Senti que tinha atingido exatamente aquilo que tinha definido.”
No Twitter, a partilha da obra e com a indicação de como ganhou o primeiro prémio tem sido recebida com críticas. “Estamos a ver a morte do ofício a desenrolar-se à nossa frente”, escreveu uma utilizadora da referida rede social. “Isto é nojento”, disse outro. “Consigo ver como é que a arte de IA pode ser benéfica, mas dizer-se que se é um artista por gerar uma? Absolutamente não.”
Olga Robak, porta-voz do Departamento de Agricultura do Colorado, a entidade responsável pela feira, disse ao NYT que Jason M. Allen transmitiu que a inscrição indicava o recurso ao programa Midjourney. Além disso, recordou que as regras indicam que são permitidas “práticas artísticas que usem tecnologia como parte do processo criativo ou de apresentação”. No entanto, esta responsável admite que os dois jurados não tinham conhecimento de que o Midjourney era um programa de inteligência artificial. Ainda assim, após terem conhecimento desse facto, indicaram à organização que continuariam a dar o primeiro passo ao trabalho de Allen.
O vencedor deste prémio reconheceu ao NYT que consegue compreender a revolta de alguns artistas, mas que o alvo não deve ser quem usa ferramentas para gerar imagens, como o Dall-E 2 ou o Midjourney, mas sim quem escolhe substituir humanos por ferramentas de IA. “A ética não está na tecnologia. Está nas pessoas.”
Uma obra gerada por inteligência artificial ganhou um prémio de arte. Comunidade artística não concorda: “Estamos a ver a morte do ofício"
Uma obra gerada com recurso a um modelo de inteligência artificial ganhou um prémio nos Estados Unidos. Artistas contestam escolha e falam na possível “morte do ofício”.
▲Jason Allen recorreu a um programa de inteligência artificial para criar a obra "Théâtre D’opéra Spatial".
Jason Allen
Jason Allen
A questão é que a obra foi concebida de uma forma diferente – através de um programa de inteligência artificial chamado Midjourney, onde foi possível gerar uma imagem através de texto. A escolha está a ser fortemente contestada pela comunidade artística que, nas redes sociais, tem levantado acusações sobre o autor ter feito batota no concurso.
Em declarações ao New York Times, Jason M. Allen, o autor da obra, defendeu o trabalho apresentado, garantindo que deixou claro que a criação tinha surgido com inteligência artificial (IA). Aliás, a inscrição no concurso foi feita com a indicação “Jason M. Allen via Midjourney”, mencionando já o programa, avançou.
“Não vou pedir desculpa”, vincou em conversa telefónica com o NYT. “Ganhei e não infringi nenhuma regra.” Esta é, até agora, uma das poucas vezes até agora em que uma obra de arte gerada por IA arrecada um prémio de arte.
Allen, de 39 anos, explicou ao NYT que começou a fazer experiências com arte gerada por IA este ano. O autor da obra diz que foi convidado este verão para um chat na plataforma Discord, onde as pessoas estavam a usar o Midjourney. Diz que ficou fascinado ao ver como palavras podiam gerar em poucos segundos uma imagem única.
A partir daí conta que fez centenas de imagens – até que decidiu apresentar uma no concurso, na categoria onde é possível apresentar arte digital e fotografias manipuladas. Escolheu a imagem, foi a uma loja para fazer uma impressão em tela e apresentou a obra ao júri. O NYT nota que o autor escolheu não partilhar qual foi o texto que inseriu para gerar a imagem, que tem uma espécie de representação de um teatro espacial.
Algumas semanas mais tarde, reparou que uma fita azul estava junto da obra – tinha arrecadado o primeiro prémio, recebendo 300 dólares. “Não conseguia acreditar”, contou ao NYT. “Senti que tinha atingido exatamente aquilo que tinha definido.”
No Twitter, a partilha da obra e com a indicação de como ganhou o primeiro prémio tem sido recebida com críticas. “Estamos a ver a morte do ofício a desenrolar-se à nossa frente”, escreveu uma utilizadora da referida rede social. “Isto é nojento”, disse outro. “Consigo ver como é que a arte de IA pode ser benéfica, mas dizer-se que se é um artista por gerar uma? Absolutamente não.”
Olga Robak, porta-voz do Departamento de Agricultura do Colorado, a entidade responsável pela feira, disse ao NYT que Jason M. Allen transmitiu que a inscrição indicava o recurso ao programa Midjourney. Além disso, recordou que as regras indicam que são permitidas “práticas artísticas que usem tecnologia como parte do processo criativo ou de apresentação”. No entanto, esta responsável admite que os dois jurados não tinham conhecimento de que o Midjourney era um programa de inteligência artificial. Ainda assim, após terem conhecimento desse facto, indicaram à organização que continuariam a dar o primeiro passo ao trabalho de Allen.
O vencedor deste prémio reconheceu ao NYT que consegue compreender a revolta de alguns artistas, mas que o alvo não deve ser quem usa ferramentas para gerar imagens, como o Dall-E 2 ou o Midjourney, mas sim quem escolhe substituir humanos por ferramentas de IA. “A ética não está na tecnologia. Está nas pessoas.”